Parede de azulejos, está tudo bem Bianca Tomaselli (1979) Fios de cabelo humano sobre papel de algodão 2014

A proposta de Bianca é dialogar com os elementos da arquitetura e das artes visuais, problematizando os limites do corpo e da intimidade na contemporaneidade. No trabalho a ser apresentado os desenhos feitos com fios de cabelo humano são instalados no espaço da alcova do Museu Victor Meirelles, um aposento íntimo e pequeno, comum nas residências da época, sem janelas e de uso restrito dos seus moradores.

 [Alcova. Pequeno quarto escuro sem janelas que costumava ser construído nas adjacências do quarto, lugar da intimidade, onde o acesso não era permitido a qualquer um. Desenha os primeiros esboços, no espaço doméstico, de um território privado, do sujeito, que nele entra livre das normas que estruturam o convívio social. Quarto dos prazeres. Das lições setecentistas do Marques de Sade, na iniciação sexual da jovem Eugênia.¬ Segredos de alcova, como se dizia.]

A artista explica que “Parede de Azulejos, Está Tudo Bem” parte de uma longa série de desenhos com fios de cabelos humanos realizados ora sobre parede, ora sobre papel. “Da experiência cotidiana do fio úmido e mole nos azulejos e linhas de rejunte das paredes do banho, segui um processo de trabalho que aproxima restos, corpo, limites, geometria, contenção, desvio, frustração, limpeza, sujeira, norma e loucura. Nele, frequentemente a associação de um par de opostos, como sujeira e limpeza, ou norma e desvio, por exemplo, se articula de modo que um dos polos sirva de estrutura para o outro, que um não exista sem o outro. Assim, aquilo que se mostra limpo, rígido, calculado, organizado, não termina de remeter-se ao seu extremo. Uma casa um quarto um território. Segurança, ordem, limite e licenciosidades”.

A obra “Parede de Zulejos, Está Tudo Bem” está exposta no Museu Victor Meirelles dialogando com a Exposição de Longa Duração “Museu Victor Meirelles – Entrelaços”.