INSTITUTO BRASILEIRO DE MUSEUS

Museu Victor Meirelles

n. 1 – Atividades

Revista Eletrônica um ponto e outro nº 01 – Leonílson

Revista do programa de exposições do Museu Victor Meirelles

Atividades

A ação educativa foi pensada para este espaço expositivo, trabalhando com o recorte da obra do artista Leonilson exposta no Museu Victor Meirelles, no período de 11 de outubro à 07 de dezembro de 2006.

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José LEONILSON Bezerra Dias
Fortaleza / CE – 1957
São Paulo / SP – 1993

1. Biografia

Artista contemporâneo, nascido em Fortaleza, aos 4 anos muda-se para São Paulo, no ano de 1961. Nascido numa família católica, logo cedo começou a demonstrar interesse pela arte, trazendo temas nordestinos inspirados na literatura de cordel, em crenças populares, no artesanato, com cores bem vivas. A questão da religiosidade, também presente resgata valores morais e uma iconografia religiosa bem própria. Estudou na Escola Panamericana de Arte e mais tarde ingressa no curso de Artes Plásticas da Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP, em 1977, não concluindo o mesmo, abandonando o curso em 1980. Foi aluno de Regina Silveira, Júlio Plaza e Nelson Leirner. Sua primeira exposição individual realiza-se em Madrid em 1981. Participou da exposição “Como vai você geração 80?” realizada no Parque Lage-RJ em 1984, entre outras. Participa da 18ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1985. O artista morre em 1993, deixando uma obra intimista, melancólica, intrigante e autobiográfica, expondo como nenhum outro, os dramas, angústias, incertezas, inquietudes da vida contemporânea.Trabalhou com várias visualidades, entre elas: desenho, pintura, bordado, escultura, instalação e objeto.

Melhor amigo do homem não abana o rabo, 1991, tinta preta a pena sobre papel, 18 x 15 cm
Melhor amigo do homem não abana o rabo, 1991, tinta preta a pena sobre papel, 18 x 15 cm

2. Diálogos

A partir da obra de Leonilson quais as possibilidades de gerarmos temas a serem trabalhados em sala de aula? As possibilidades são inúmeras; para facilitar o desdobramento das ações propomos como temas iniciais os seguintes:

Materialidade – Qual o potencial expressivo dos diversos materiais que estão a nossa volta? Que suportes e técnicas o artista utilizou?(bordados, pintura, tintas metálicas, instalações, voile, linho, linha, veludo, feltro, papel, caneta esferográfica, entre outras.)

Processos de composição – De que maneira a combinação de materiais distintos, podem, sugerir interpretações diferenciadas, a partir dos procedimentos que adotarmos com eles?

Arte e vida – Quais as relações que eu (aluno) sou capaz de fazer com este objeto que acabo de produzir? Consigo me identificar no trabalho? Através do pensamento e da intimidade presente na obra de Leonilson, identificar elementos que demonstrem uma obra autobiográfica. Existe relação entre a obra e vida do artista? Qual é a temática predominante em sua obra? Como estabelecer relações entre o corpo, a efemeridade/perenidade da vida, a degradação física do corpo?

Identidade/ subjetividade – Como me vejo representado a partir da escolha de materiais e procedimentos artísticos. Existe algo que pertença à identidade coletiva, do grupo? E identidade individual, há alguma parte do trabalho na qual você se identifica? A partir de uma mesma imagem da obra quais são as possíveis relações que estabelecemos de maneira individual.

Memória/ narrativa – Quais são as formas de registro para nossa memória? O que é memória? É diferente de História?

Corpo / sexualidade / preconceito – De quais maneiras posso representar meu corpo a partir de materiais expressivos? Existem atividades distintas para gêneros distintos? Coisas de meninas e coisas de meninos?

Diário pessoal – O pequeno caderno de artista, o registro e a valorização das idéias corriqueiras. Estabelecer relações entre a linguagem (palavra-caligrafia) e o corpo, bem como os suportes adotados pelo artista. É possível fazer um diário bordando? Quais as alterações de sentido que a palavra realiza ao aliarmos esta com imagens? Que palavras ou frases, coletadas ou inventadas, são significativas em relação ao tema proposto pelo artista?

Arte e filosofia – Qual o papel que estamos cumprindo ao ocuparmos um espaço no mundo? Que espaço eu ocupo? Com que qualidade eu ocupo este espaço? Quando saio de um lugar algo de mim permanece nele?

Da qualidade de ser forte, 1991, nanquim s/papel, 30 x23 cm
Da qualidade de ser forte, 1991, nanquim s/papel, 30 x23 cm

3. Obra em ação – Pensando uma obra da exposição

* A partir da obra, Da Qualidade de ser forte, pensar na linha enquanto sujeito nas relações de uma linha sozinha e muitas linhas, convergindo para um mesmo ponto, ou em direções contrárias. Propor que com linhas de lã, costura, barbante, linha de bordado de diferentes espessuras, o aluno crie um desenho, retirando-o com um papel contact transparente. Desta forma o aluno poderá sobrepor o seu desenho na paisagem, olhar através da transparência do plástico e observar a qualidade e a sobreposição de “ser forte” do seu desenho. Quais linhas ficam mais evidentes? Quais linhas conseguem dialogar com as linhas já existentes na paisagem? O que seria a qualidade de ser forte em nossa sociedade? No desenho quem seria a figura que representaria a força, a base ou a montanha?

* Bordando com Gravura – Observar o desenho de Leonilson, associar mais palavras àquelas presentes no desenho. Desenhar com uma ponta seca numa placa de isopor (bandejas de isopor utilizadas para embalar queijos e outros), espalhar tinta guache e imprimir, colocando o papel sobre o desenho (processo de gravura – xilogravura). Valor de linha como uma linha ausente, negativa, submetida à base do desenho, uma linha branca, executada em baixo relevo. Desenhar com cola em outro suporte, esperar secar e repetir o processo do desenho anterior. Valor de linha presente, positiva, deixando a base em segundo plano, executada pelo alto relevo questões relacionadas à obra.

3.1 Obra em Ação – Pensando outras obras

* Costurando com a literatura – Fazer uma leitura paralela com os livros: de Ziraldo, ‘Menino do Rio Doce’ e de Manuel de Barros em ‘Exercícios de Ser Criança’. Os livros foram ilustrados e elaborados pela família Diniz Dumont, utilizando bordados e tecidos. Nos dois casos há possibilidade de diálogo com os trabalhos de Leonilson, tanto na ilustração como nos textos que nos remetem a memória narrativa repleta de subjetividades e poesia.

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* Bordado, furos e linhas – este material é confeccionado em compensado perfurado e contém um cadarço fixado numa das extremidades. Possibilita assim, que crianças da faixa etária da educação infantil possam realizar a experimentação do movimento do bordar. Esta mesma proposta pode se adaptar a outras realidades ao utilizar como base o papelão, retalhos de tecidos, lãs, linhas e agulhas.

* Bordando com o corpo – escolher um detalhe (um segmento de linha – retas ou curvas) ou um elemento do desenho de Leonilson. Na sala de aula ou num espaço maior onde a criança poderá levar sua cadeira. A proposta é reproduzir com o corpo o movimento da agulha e da linha, ao passar por cima do assento e após, por baixo. Cada criança poderá ter um novelo de lã ou linha colorida que registrará todo o seu trajeto. Se houver recurso, o registro também poderá ser feito através de fotografia ou filmado de outros planos, a critério de quem estiver registrando, onde a figura “bordada” poderá aparecer na ação de cada corpo ao percorrer o espaço.

4. Chá das cinco – Diálogos com outros artistas: Conversando com…

Leda Catunda - Suína, 2002,   acrílica s/ tela e tecido, 191 x 163 cm
Leda Catunda – Suína, 2002,
acrílica s/ tela e tecido, 191 x 163 cm
Arthur Bispo do Rosário - Estandarte, s/d,   tecido, linha, madeira e plástico, 146 x 155 x 3 cm
Arthur Bispo do Rosário – Estandarte, s/d,
tecido, linha, madeira e plástico, 146 x 155 x 3 cm
Efrain Almeida - Para guardar desejos, 1998,   madeira de cedro, tule e óleo, 24 x 60 x 13 cm
Efrain Almeida – Para guardar desejos, 1998,
madeira de cedro, tule e óleo, 24 x 60 x 13 cm
Lia Menna Barreto - Sem título, 1995,   bonecas de plásticos derretidas em cetim de seda pura, 300 x 131x 86 cm
Lia Menna Barreto – Sem título, 1995,
bonecas de plásticos derretidas em cetim de seda pura, 300 x 131x 86 cm
Antônio Dias - Ahh, 1968,   aquarela e nanquim s/ papel, 39 x 38 cm
Antônio Dias – Ahh, 1968,
aquarela e nanquim s/ papel, 39 x 38 cm
Rosana Palazyan - Ciranda, Cirandinha, 1997,   escultura, dimensões variadas
Rosana Palazyan – Ciranda, Cirandinha, 1997,
escultura, dimensões variadas
Louise Bourgeois - Spider, 2002,   pastel s/ papel, 28,8 x 22,8 cm
Louise Bourgeois – Spider, 2002,
pastel s/ papel, 28,8 x 22,8 cm
Sandra Cinto - Sem título, 1998,   fotografia, 28 x 51 cm
Sandra Cinto – Sem título, 1998,
fotografia, 28 x 51 cm
Daniel Senise - Três caminhos, 1995,   técnica mista, 267 x 193 cm
Daniel Senise – Três caminhos, 1995,
técnica mista, 267 x 193 cm
Sergio Romagnolo - Fusca de ponta cabeça, 2003,   plástico modelado, 180 x 160 x 400 cm
Sergio Romagnolo – Fusca de ponta cabeça, 2003,
plástico modelado, 180 x 160 x 400 cm

4. 1 Dialogando com depoimentos

5. Para saber + …

Barros, M. de. Exercícios de ser criança. Rio de Janeiro: Salamandra,1999.

Ziraldo. Menino do Rio Doce. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1996.

Vídeo:
Leonilson: Tantas verdades / Instituto Arte na Escola; autoria e coordenação de Mirian Celeste Martins e Gisa Picosque. – São Paulo: Instituto Arte na Escola, 2005. (DVDteca Arte na Escola – Material educativo para professor-propositor; 3)

5.1 Para saber + … – Referências Bibliográficas