A proposição do diálogo entre a pintura de Victor Meirelles, “Vista do Desterro, atual Florianópolis” (1874), e uma obra de autoria diversa tem como parâmetro inicial apresentar duas representações da paisagem da cidade de Florianópolis. A justaposição de duas pesquisas visuais traz, nos interstícios de sua aproximação, algumas reflexões importantes acerca da história da arte e da cultura e de seus respectivos contextos sociais.
Inicialmente é posto para o espectador a construção de um conceito abrangente de paisagem, pensado como percepção de determinado espaço e agregação de novas camadas de significados ao que é visto. A paisagem brasileira, inaugurada pelo olhar estrangeiro no período de sua colonização, esteve quase sempre ligada a projetos de nação. A modernidade trouxe ao país o olhar pautado pela industrialização, pelo mundo do capital e pela rápida transformação da paisagem das cidades. A experimentação artística da contemporaneidade coloca em questão um mundo em incansável mudança e que exige novas percepções de espaço-tempo.
Dois olhares, ancorados em poéticas visuais distintas, evidenciarão também outras atitudes estéticas e formais, observadas em sua linguagem e meios de representação. A paisagem, que ganhou autonomia no século XVII, coloca ao artista contemporâneo o dilema de pensar seu lugar através de diferenciadas ações e posicionamentos – intervenção direta, aporte crítico, novos desafios formais, estratégias de ficcionalização, reflexão sobre a imagem ou a reinvenção do ato da contemplação.
Por último, na fricção entre temporalidades diversas exercita-se o pensamento histórico, referido entre visões singulares da cidade, e o entendimento das artes visuais como uma leitura possível do mundo – nossa paisagem.
Paulo R. O. Reis
Bruno Bachmann,
“Dentro do dentro da Desterro”, 2011,
Esmalte à base de água sobre painel, 265,0 x 250,0 cm.
Período: 15 de dezembro de 2011 a 30 de outubro 2012.
Ricardo Kolb,
“Só exílio”, 2011,
Técnica mista (madeira, papel kraft, terra, carvão e resina acrílica).
Período: 18 de agosto a 9 de dezembro de 2011.
Brígida Baltar,
“Algumas perguntas”,
Vídeo.
Período: 27 abril a 11 de agosto de 2011
Gottlieb von Tilenau,
“Ansicht der Stadt Nosso Senhor do Desterro auf der Insel St. Catharina”
(Vista da cidade de Nossa Senhora do Desterro na Ilha de Santa Catarina),
Gravura em metal, 1803-1814 (circa), 47,5 x 62,5 cm.
Coleção particular: Ylmar Corrêa Neto
Período: 8 de dezembro de 2010 a 27 de abril de 2011.
Cleverson Salvaro,
“Vista”, 2010,
Recorte em painel e vidro, 83 x 42 cm,
Adesivo metálico sobre ventilador de teto, 1m de diâmetro
Período: 18 de agosto a 2 de dezembro de 2010.
Raquel Stolf,
“Escuta do Desterro [18-02-2010 + 18-10-2009]”,
Proposição sonora e desenho em caderno de anotação, 2009 – 2010.
Período: 28 de abril a 12 de agosto de 2010.
Zé Lacerda,
“Sou natural daqui”, 2002,
Fotografia – ação em processo, 39,6 x 49,6 cm.
Período: 9 de dezembro de 2009 a 22 de abril de 2010.
Carlos Asp,
“Inútil Paisagem”, (tríptico, 2003 – 2008)
Técnica mista.
Período: 18 de agosto a 3 de dezembro de 2009.
“Vue de l´Ile Ste. Catherine” (Vista da Ilha de Santa Catarina), Desenhado por Duche de Vancy, gravado por Le Pagelet. Atlas du Voyage de La Pérouse, nº 2. L´Imprimerie de la Republique, Paris, 1797. (Gravura em metal, 40,7 X 57,6cm e Gravura em metal colorida à mão, 28,3 X 43,5cm) (Coleção Ylmar Correa).
23 de abril a 07 de agosto de 2009.
Rodrigo Cunha,
“Manhã nublada”, 2007,
Óleo sobre tela.
Período: 10 de dezembro de 2008 a 24 de abril de 2009.
Aldo Nunes,
“Florianópolis”,
Serigrafia colorida.
Período: 27 de agosto a 4 de dezembro de 2008.
Diego de Los Campos,
“Reflexão”, 2008,
Grafite sobre papel.
Período: 16 de abril a 21 de agosto de 2008.
Dora Longo Bahia,
“Desterro”, 2007,
Vídeo.
Período: 5 de dezembro de 2007 a 8 de abril de 2008.
Julia Amaral,
“Pedras-grito”, 2002,
Fotografia, 62 x 92 cm.
Período: 19 de setembro a 29 de novembro de 2007.
Eli Heil,
“O Morro”, 1982,
Óleo sobre tela, 49,4 x 60,3 cm,
(Acervo Fundação Mundo Ovo Eli Heil).
Período: 25 de abril a 17 de setembro de 2007.
Fabiana Wielewick,
“Sem título (da série Paralaxe)”, 2000,
Fotografias coloridas.
Período: 13 de dezembro de 2006 a 15 de abril de 2007.
Eduardo Dias,
“Sem título”, 1914,
Óleo sobre tela, 59 x 83 cm,
(Coleção Marcelo Collaço Paulo).
Período: 18 de agosto a 8 de dezembro de 2006.
Daniel Acosta,
“butano eclipsed island night worklab”, circa 2003,
Fotografia colorida montada em moldura de eucatex.
Período: 19 de abril a 11 de agosto de 2006.
Hassis,
“Sem título”, circa 1974,
Acrílica sobre eucatex.
Período: 4 a 15 de abril de 2006.
Martinho de Haro,
“sem título”, circa 1940. Período: 14 de dezembro de 2005 até 14 de abril de 2006.
Yftah Peled,
“Sem título”, 2001,
Instalação (fotografia em estrutura de vidro móvel e furo na parede).
Período: 17 de agosto a 14 de dezembro de 2005.
Paulo Gaiad,
“As Paredes do Campeche”, 2003,
(da série as paredes que me cercam).
Período: 18 de maio a 14 de agosto de 2005.