INSTITUTO BRASILEIRO DE MUSEUS

Museu Victor Meirelles

Museu Victor Meirelles: Entrelaços

Museu Victor Meirelles: Entrelaços

Esta exposição é composta por obras da Coleção Victor Meirelles. São pinturas e desenhos de Victor Meirelles de Lima – nascido em Nossa Senhora do Desterro (atual Florianópolis), em 1832, e falecido no Rio de Janeiro, em 1903 – e também de professores e alunos do artista nas academias de arte do Rio de Janeiro, Roma e Paris, cidades onde viveu, estudou e trabalhou.

O título da exposição procura dar conta das relações de ensino e aprendizagem no âmbito dessas instituições: entrelaços. A cada sala é enfocado um gênero artístico que organizava a formação e o ofício desses artistas no século XIX. Os Estudos, etapa fundamental, incluíam a produção de cópias a partir de mestres da pintura europeia. Os Retratos eram importantes tanto para a qualidade das pinturas históricas (gênero maior no hierárquico regime acadêmico), quanto para a sobrevivência econômica dos pintores. Por fim, a Paisagem que, no caso das pinturas de Victor Meirelles, transformou-se em preciosos registros das vistas de Nossa Senhora do Desterro em meados do século XIX.

Estudos

Estudo para o Combate Naval do Riachuelo, Victor Meirelles de Lima, circa 1868/1872, Rio de Janeiro/RJ, Grafite sobre papel, 16,3 x 18,0 cm
Estudo para o Combate Naval do Riachuelo, Victor Meirelles de Lima

As pinturas históricas representavam eventos importantes da história política do país, que através de símbolos e de alegorias buscavam consagrar um passado de glória e de conquistas para a construção da identidade da nação. Foi o gênero mais prestigiado no sistema acadêmico e exigia do artista muita criatividade, cultura geral e habilidade técnica. Geralmente eram retratados temas religiosos e históricos, reconhecidas figuras míticas do passado clássico serviam de alegoria para dar maior brilho aos fatos atuais ou para evocar virtudes exemplares.

Victor Meirelles foi autor de várias pinturas históricas, entre elas Primeira Missa no Brasil (1860), Combate Naval do Riachuelo (1872), Passagem do Humaitá (1872) e Batalha dos Guararapes (1879), tornando-se uma das maiores referências no gênero no século XIX e professor honorário de pintura histórica da Academia Imperial de Belas Artes (AIBA). Os estudos aqui expostos evidenciam o grande esmero do artista nos detalhes da pintura, desde o posicionamento de mãos até o caimento de tecidos, de formas minuciosas de fivelas e capacetes à composição geral da paisagem.

Paisagens

Esboço de Paisagem para
Esboço de Paisagem para “Passagem de Humaitá”, Victor Meirelles de Lima

A natureza surge como tema na pintura brasileira no século XVII, com Albert Eckout (ca. 1610-1666) e Franz Post (1612-1680). A partir do início das atividades da Academia Imperial de Belas Artes no Rio de Janeiro, na primeira metade do século XIX, a pintura de paisagem se consagra na produção artística brasileira, procurando retratar as paisagens do país, a fim de documentar e apresentar uma fauna e flora tipicamente brasileiras. A pintura de paisagem exigia do pintor uma observação pura e detalhada da natureza, provocando assim a prática da pintura ao ar livre. Victor Meirelles, fiel aos princípios da cadeira de Pintura de Paisagem na Academia Imperial de Belas Artes, produziu numerosos estudos de paisagens. O Museu Victor Meirelles possui em seu acervo diversas paisagens do artista, que vão desde a representação de sua cidade natal – as Vistas da Desterro – aos estudos preparatórios para as pinturas históricas. Ao final de sua vida, em sociedade com Henri Langerock (1830-1915), criou a empresa de panoramas Meirelles & Langerock e produziu várias pinturas em larga escala retratando a Revolta da Armada, a cidade do Rio de Janeiro e momentos ligados ao Descobrimento do Brasil.

Retratos

Estudo de Cabeça de Menina, Victor Meirelles de Lima, s/d, Itália, Óleo sobre tela, 40,2 x 32,8 cm
Estudo de Cabeça de Menina, Victor Meirelles de Lima

Na pintura, o retrato se afirmou como gênero autônomo no século XIV, mas já havia registros da prática no Egito antigo, no mundo grego e na sociedade romana, com diversas finalidades: comemorativa, política, religiosa, funerária etc. No século XIX, o retrato foi muito utilizado nas Academias e Escolas de Arte para o aprendizado do ofício e domínio da técnica. A representação fiel da realidade também nos retratos buscava evidenciar desde os contornos das expressões faciais até os detalhes dos trajes do período. Estas características podem ser percebidas na obra de Victor Meirelles, considerando ainda que muitos dos seus retratos são estudos, em especial para obras maiores de tema histórico. Fazem parte do acervo do Museu Victor Meirelles alguns exemplares de retratos do artista que representam o estilo Neoclássico dos artistas ligados à Academia Imperial de Belas Artes.