Na próxima semana, o Museu Victor Meirelles promove a abertura da primeira exposição individual da artista Brígida Baltar no estado de Santa Catarina. Intitulada alguns vídeos, a mostra apresenta um recorte da sua produção, pensado a partir de ações realizadas pela artista em séries conhecidas como A coleta da neblina, 1998-2005, Casa de Abelha, 2002, Maria Farinha Ghost Crab, 2004, e também trabalhos menos conhecidos, como Wind, Londres, 2004, o vídeo Algumas Perguntas, 2005 e Quando fui carpa e quase virei dragão, realizado no Japão, em 2004 e que, além do vídeo, apresenta desenhos, em aquarela sobre papel, realizados em 2009. Além disso, a mostra inclui uma projeção de slides com ações realizadas no âmbito da casa, fundamentais no processo da artista, como Abrigo, Torre e Horta da Casa.
Aglutinados sob o título despretensioso, em alguns vídeos, algumas ações, a artista chama a atenção para o processo reflexivo envolvido na criação das séries e os seus percursos, localizando e problematizando recorrências, antecedentes de algumas ações e desdobramentos a partir das relações que se estabelecem entre trabalhos de diferentes períodos de sua carreira.
Além das possibilidades de aproximação entre a linguagem do vídeo, ações, desenhos e materiais efêmeros utilizados pela artista, outro dado importante nesta mostra é a relação entre os vídeos e o espaço expositivo específico do Museu, proposta pela artista por meio da criação de situações sutis relacionadas à instalação dos trabalhos e aos diálogos entre as imagens.
O texto de Ana Lucia Vilela, que acompanha a mostra, aponta, de forma poética, algumas questões caras à produção da artista, incluindo outras possibilidades de lidar com o tempo, a aproximação com o universo da fábula, além de noções como desaparecimento, visibilidade e trânsito entre formas.
Vale informar que, no mesmo dia, o Museu promove também a abertura da 16ª edição do Projeto Diálogos com a Desterro com a participação do artista Zé Antônio Lacerda. O projeto tem como objetivo criar fricções em torno dos conceitos de paisagem e cidade, a partir do encontro entre as paisagens de Florianópolis realizadas por Victor Meirelles e obras de artistas convidados.
Nesta edição, Zé Antônio Lacerda apresenta a fotografia “sou natural daqui”, em que o artista aparece na imagem pedindo carona. A placa indica: “sou natural daqui“, estabelecendo complexas relações entre o deslocamento e a idéia de naturalidade ou pertencimento a um local específico.
Sobre a artista:
Brígida Baltar (Rio de Janeiro, 1959) vive e trabalha no Rio de Janeiro. Sua formação foi realizada na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Nesta época, integrou o Grupo Visorama, formado por artistas, no Rio de Janeiro. Na década de 90, começou a trabalhar com ações e registros em sua casa, explorando materiais como goteiras, tijolos, intervenções no ambiente externo, norteados pela forte presença do corpo e da própria experiência da artista no ambiente doméstico. Destas experiências realizadas na casa, começou a realizar ações na natureza, sobretudo através das coletas de elementos como neblina, maresia e orvalho, apresentados em fotos, filme 16 mm, vídeo e desenhos. Entre as exposições recentes, pode-se destacar: An Indoor Heaven no Firstsite, em Colchester, Inglaterra, 2006, Passagem Secreta, na Fundação Eva Klabin, Rio de Janeiro, em 2007. Integrou o Panorama de Arte Contemporânea 2007, no Museu de Arte Moderna de São Paulo e Espaço Alcalá em Madrid. Participou da exposição Body Nostalgia, MOMAT- Museu de Arte Moderna de Tóquio, em 2004 e Escola Darcy Ribeiro – Capacete Entretenimentos, Rio de Janeiro; Bienal Internacional de São Paulo, em 2002 e C’est pas du cinema, Studio Fresnoy Nacional des Arts Contemporains, França.
Visitações:
Exposição aberta de 09 de dezembro a 18 de fevereiro de 2010.
Horários:
Aberto de terça a sexta-feira, das 10h às 18h.
Sábados das 10h às 14h.
Informações:
(48) 3222-0692
museuvictormeirelles.museus.gov.br
mvm@museus.gov.br