INSTITUTO BRASILEIRO DE MUSEUS

Museu Victor Meirelles

Glauco Rodrigues – Gravuras

Sem título [Mergulho na cidade do Rio de Janeiro], serigrafia, 1987. Acervo MVM
Sem título [Mergulho na cidade do Rio de Janeiro], serigrafia, 1987. Acervo MVM

O Museu Victor Meirelles celebra o aniversário do seu patrono no próximo sábado, dia 18 de agosto, às 11 horas, com a abertura da exposição Gravuras, de Glauco Rodrigues.

Todas as 25 obras que estão na exposição são trabalhos doados recentemente ao Museu Victor Meirelles pela viúva de Glauco, Norma de Estellita Pessôa. O artista, que é natural de Bagé, no Rio Grande do Sul, morreu em 2004, no Rio de Janeiro, onde residia desde 1958.

A mostra reúne trabalhos, em sua maioria serigrafias e litografias, produzidas por Glauco entre 1970 e 1993 e que representam um breve recorte da obra do artista, revelando as suas múltiplas facetas como pintor, desenhista, gravador, ilustrador e cenógrafo.

Glauco Rodrigues inicia-se em pintura em 1945, como autodidata. Em 1949, tem aulas com o pintor José Moraes, que instala um ateliê coletivo nas proximidades de Bagé. Nesse ano recebe bolsa de estudo da Prefeitura de Bagé e frequenta por três meses a Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. As informações são da enciclopédia do Itaú Cultural.

Com os artistas Glênio Bianchetti (1928) e Danúbio Gonçalves (1925), cria o Clube de Gravura de Bagé, em 1951. Três anos depois, integra o Clube de Gravura de Porto Alegre. No período em que frequenta essas associações de gravadores seus trabalhos são voltados para a representação do homem do campo e para os tipos e costumes regionais.

“mate amargo”, serigrafia, 1976. Acervo MVM
“mate amargo”, serigrafia, 1976. Acervo MVM

Muda-se para o Rio de Janeiro em 1958, quando, como ilustrador, faz parte da primeira equipe da revista Senhor. Em 1960 participa do IX Salão Nacional de Arte Moderna, quando obtém o prêmio de viagem ao exterior. Expõe na Bienal de Paris em 1961 e, no ano seguinte, viaja para Roma, onde permanece até 1965. Neste período realiza exposições individuais em Munique, Stuttgart e Frankfurt. Em Roma, em 1963, expõe na Galeria d’Arte della Casa do Brasil e, em 1964, participa da XXXII Bienal de Veneza. Em 1967 é premiado na IX Bienal Internacional de Arte de São Paulo. Ao retornar ao Brasil, realiza importantes exposições, como Opinião 66, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.

Desde o fim da década de 1950 e no período em que reside na Itália, sua produção se aproxima da abstração, como em Paisagem de Porto Alegre, 1957, ou assume caráter declaradamente abstrato, como ocorre na série de aquarelas realizadas em Roma.

Volta à figuração no início dos anos 1960 e produz obras sob o impacto da arte pop, tratando, com humor, de temas nacionais como a imagem do índio, o carnaval, o futebol, a natureza tropical e a história do Brasil, que inspiram séries como O Mito, 1964/1965 e Pão de Açúcar, de 1968, ou a série Carta de Pero Vaz de Caminha, 1971, na qual o descobrimento do Brasil é narrado como história em quadrinhos.

A partir dos anos 1970 passa a incorporar em seus trabalhos personagens históricos, juntamente com figuras contemporâneas. Utiliza frequentemente citações de quadros consagrados, como a figura do O Derrubador Brasileiro, 1879, de Almeida Júnior, presente em Abrasileirar-Se, 1986, e Paz na Tarde, 1989, ou ainda Primeira Missa no Brasil, 1860, de Victor Meirelles, retomada em obra de mesmo nome, datada de 1980.

Nos quadros de Glauco nota-se um processo de carnavalização crítica da cultura visual brasileira: é constante a presença do índio, do carnaval, do futebol e da natureza tropical, como em De Natureza Tão Sutil, 1970, ou Abaporu, 1981, além das imagens apropriadas de artistas significativos do século XIX. Alguns críticos destacam o caráter hiper-realista de seus quadros, como em A Juventude, 1970.

Na década de 1980, recebe o Prêmio Golfinho de Ouro Artes Plásticas do Governo do Estado do Rio de Janeiro e publica o livro Glauco Rodrigues, que reúne toda sua obra. Em 1999, recebe o Prêmio Ministério da Cultura Candido Portinari – Artes Plásticas.

O crítico Frederico Morais afirma que na obra de Rodrigues “desfilam temas e mitos da vida brasileira: carnaval, futebol, índio, negro, religião, política, lendas, praia, sol, a flora e a fauna, o regional e o nacional, o passado e o presente, a própria arte, a de Glauco inclusive”.

“Terra Brasilis”, serigrafia, s/d [circa 1970]. Acervo MVM
“Terra Brasilis”, serigrafia, s/d [circa 1970]. Acervo MVM

Já Roberto Pontual anota que a obra de Glauco Rodrigues mostra um caráter de “tropicalismo crítico”, questionando o contexto social e político brasileiro por meio de personagens identificáveis do passado histórico e empregando uma leve ironia. Ele parte de fontes fotográficas, postais ou reproduções, considerando a fotografia como fixadora de fatos e reunindo na superfície da tela signos de uma realidade que se apresenta como inegavelmente brasileira: o samba ou o índio, por exemplo. Em suas telas utiliza constantemente o verde e o amarelo e a própria bandeira do Brasil. Na opinião do crítico, o humor e a festa são táticas pelas quais o artista questiona uma série de clichês associados à imagem do país.

A exposição Gravuras, de Glauco Rodrigues fica no Museu Victor Meirelles até 17 de novembro de 2018. A entrada é gratuita.


Gravuras – exposição de Glauco Rodrigues
Abertura: 18 de agosto, sábado, às 11 horas
Museu Victor Meirelles
Rua Rafael Bandeira, nº 41, Centro – Florianópolis/SC
Tel.: 3222-0692
Entrada Gratuita