esperando léo
as paredes são desta sala
mas podem ser da outra
também que fica aqui do
lado no meio deste ganzá
de gente sentada nuns
bancos de madeira e
chão que se move
o chão desta sala que
é também o mesmo chão
da sala que fica ali do lado
move rápido o que
ninguém ninguém ninguém
ninguém
é esta a sala que aqui e
ali como a outra se
escorre na linha reta do
soalho / numa nesga sem
espaço e quieto, não
se mova, não se mova
olhe até onde ?
onde não há, não havia
este jamais esta outra vez
tudo isto ainda é
desvinculação dos lados
deste corpo / do quanto
sim das linhas de
soalho às paredes desta
sala daquela outra ao lado
desta e uma areia branca
no chão a dançar outro
corpo nesta nesta
promessa sem volta
Manoel Ricardo de Lima, poeta. Professor da UFSC de Literatura Portuguesa. Autor de As mãos, Embrulho e Falas Inacabadas (este com a artisra Elida Tessler).
Esta conversa com Leonilson, “esperando léo”, é um poema que faz parte do livro inédito Quando todos os acidentes não acontecem, a sair em 2007.