Revista Eletrônica um ponto e outro nº 03 – Ana Elisa Dias Baptista
Revista do programa de exposições do Museu Victor Meirelles
Atividades Educativas
A ação educativa foi pensada para este espaço expositivo, trabalhando com o recorte da obra de Ana Elisa Sampaio Dias Baptista exposta no Museu Victor Meirelles, no período de 28 de fevereiro a 19 de abril de 2007.
Ana Elisa Sampaio Dias Baptista
São Paulo, 1964
Vive e trabalha no estado de São Paulo
1. Biografia
Ana Elisa Sampaio Dias Baptista ingressou no curso de licenciatura plena em artes plásticas, em 1984, da Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP, concluindo o mesmo em 1988. A artista já realizou exposições individuais nos Estados Unidos – Washington, no Brazilian-American Cultural Institute\Baci – 2006, na Studio Quinn Galeria de Arte/ São Paulo – 2006, no Rio de Janeiro, no espaço FURNAS Cultural -2005, em São Paulo, na FUNARTE – 2003, em São Caetano do Sul, na Fundação das Artes – 2002. Participou de exposições internacionais em diversos países: Holanda (‘Em Imagens Falamos’ Amsterdams Grafische Atelier – 2005); Portugal (XIII Bienal Internacional de Cervera – 2005); Itália (Brasil Água Acqua Venezia – 2000); México (4ª Bienal Internacional Acuarela – 2000); França (2ª Trienal de Gravuras, Chamálière – 1991). Ana Elisa recebeu algumas premiações: 1ª Bienal de Gravura de Santa André – 2001; Premio Cidade de Ribeirão Preto, no Salão de Arte Contemporânea de Ribeirão Preto – 1992; 19º Salão de Arte Contemporânea de Santo André – 1991 e no 1º Salão de Artes Plásticas de Guarulhos – 1988. Realizou diversas coletivas, dentre elas: Seleção SESI Exposições Itinerantes – 2006; Goloborotko´s Studio\ Gravura Contemporânea do Brasil – New York/EUA – 2006; Investigações: A Gravura Brasileira – Instituto Itaú Cultural – 2001; Gravura Arte Brasileira Século XX – Instituto Itaú Cultural – 2000 e 3ª Bienal de Santos – 1991.
Ana Elisa Dias Baptista é uma artista que dialoga com o mundo da calcogravura (ou gravura em metal). Suas gravuras nos entorpecem de uma paisagem recheada de jardins, alegorias de seres e insetos, talvez vivos, quem sabe mortos, de um gabinete das maravilhas que respira a morte. Com uma riqueza de detalhes impressionante, mergulhamos neste mundo microscópico e somos aprisionados por ele.
2. Diálogos
A partir da obra de Ana Elisa Dias Sampaio Baptista quais as possibilidades de gerarmos temas a serem trabalhados em sala de aula? Para facilitar o desdobramento das ações propomos como temas iniciais os seguintes:
Materialidade: Qual o potencial expressivo dos diversos materiais que estão a nossa volta? Que suportes e técnicas a artista utilizou?Que tipo de texturas as gravuras da artista sugerem? A artista é influenciada pela paisagem do ambiente em que vive (uma chácara)? Que influências recebemos do lugar em que vivemos? Quantas paisagens podemos identificar neste lugar?
Processos de composição: De que maneira a combinação de materiais distintos podem sugerir interpretações diferenciadas, a partir dos procedimentos que adotarmos com eles? De que maneira a composição adotada pela artista sugere uma coleção? Como a artista compõe elementos distintos, repetindo os mesmos elementos?
Arte/vida/morte: Quais as relações que eu (aluno) sou capaz de fazer com este objeto que acabo de produzir? Consigo me identificar com o trabalho? Qual é a temática predominante na obra da artista? Consigo associar as imagens da obra com imagens existentes no mundo em que vivo? É possível observar a temática da artista nos grandes centros urbanos? Qual o procedimento adotado pela artista para registrar os seres e insetos em suas gravuras? Ana Elisa Dias Baptista vê na morte, no cadáver em decomposição, que fede uma reação plena de vida e acredita que a morte é perpetuada no desenho e na gravura. Como esta forma de registrar a morte está presente em nosso cotidiano e ao longo da história da arte?
Identidade/ subjetividade: Como me vejo representado a partir da escolha de materiais e procedimentos artísticos. Existe algo que pertença à identidade coletiva, do grupo? E identidade individual, há alguma parte do trabalho na qual você se identifica? A partir de uma mesma imagem da obra quais são as possíveis relações que estabelecemos de maneira individual.
Inventividade/hibridismo: Como podemos traçar relações entre os trabalhos da artista e o que supomos ver? A artista menciona em entrevista que guarda os seres e insetos que se “apresentam” a ela em gavetas, no freezer. Que coisas, objetos, fotografias guardamos em nossas gavetas da memória?
Corpo: De quais maneiras posso representar meu corpo a partir de materiais expressivos? Como o corpo destes seres e insetos ou fragmentos deles aparecem na obra de Ana Elisa Dias Baptista? Por vezes estes corpos aparecem mutilados, em fragmentos, em estado de decomposição. Comente isso com relação à arte contemporânea, ao corpo contemporâneo, ao corpo híbrido, ao corpo morto, ao corpo que renasce ao ser desenhado, que é reinventado. Podemos traçar relações nas questões de morte/vida na arte contemporânea? Como a morte é representada?
Dicionário: Através dos seres, insetos, naturezas e alegorias ”aprisionados” na gravura pela artista, que palavras ou frases, coletadas ou inventadas, existentes ou não, são significativas em relação ao tema proposto pela artista? É possível encontrarmos palavras que permaneçam na zona de conflito, onde não podemos identificar ou associar o signo ao sentido? O que os títulos Gabinete de Maravilhas, Ciranda e Perind Ac Cadáver sugerem? Associe os títulos propostos pela artista ao trabalho exposto.
Coleção/Série/Apropriação: Tendo como referência a obra de Ana Elisa Dias Baptista e as propostas duchampianas de apropriação, a repetição, a série, trabalhando questões como o hibridismo, a fragmentação, o corpo, a morte e a materialidade… Pense ao longo da história da arte como foram sendo apresentadas estas questões.
3. Obra em ação – Pensando obras da exposição
PEGADAS
Observar o trajeto de pequenos insetos e o trabalho da artista plástica japonesa Rie Takeuchi, relacionando-os com a obra de Ana Elisa Dias Baptista. Após a leitura do livro “Ida e Volta” de Juarez Machado, propor:
– brincar de ciranda ao som da música “Ciranda” (CD Canções de Brincar /Palavra Cantada – Gravadora Palavra Cantada,1996)
– marcar os pés com tinta guache para que o movimento seja carimbado como linhas circulares.
A letra da Música “Ciranda” também é muito rica em detalhes que poderão ser observados como o conceito de apropriação e coleção, pequenos bichos,
DESENHO CIRCULAR
Ciranda é o nome que a artista escolheu, para nomear a exposição realizada no Museu Victor Meirelles, assim ao som de “Ciranda” (CD Canções de Brincar /Palavra Cantada – Gravadora Palavra Cantada,1996), sentados em círculo, após apreciação da obra de Ana Elisa Dias Baptista e de observações direcionadas ao meio ambiente (insetos e pequenos bichinhos), todos ganham folhas onde poderão desenhar sua ‘ciranda de insetos’. Ao sinal da professora, as crianças passam suas produções para o colega ao lado e todos continuam desenhando.
OLHAR ZOOM
Após a leitura do livro “Zoom”, onde cada desenho apresentado vai sofrendo um efeito “zoom”, ampliando nosso olhar, de um macro-mundo para um micro-mundo e inspiradas nas gravuras da artista que com seu “olhar lupa” revela detalhes impressionantes da natureza que a cerca. Cada criança de posse de um cilindro de papel, podendo este ser confeccionado ou apropriado (estrutura interna de rolo de papel higiênico, canos de água) deverá sair para explorar o ambiente. Como numa máquina fotográfica, este dispositivo acionará o “olhar zoom”, a paisagem escolhida, este pequeno fragmento microscópico poderá ser “revelado” num desenho.
COLEÇÃO DE CARIMBOS DE VIDA
Inspirados na exposição e no trabalho da artista Ana Elisa Dias Baptista, que coleciona seres que se “apresentam” em sua vida, conforme palavras da mesma, e que ela registra sob forma de gravura para não perder, para não esquecer. Pensar a partir da coleção de imagens de insetos, e seres da artista, outras coleções possíveis no mundo de hoje. Que coleções pessoais fazemos? A partir disso, sair para uma coleta de pequenos objetos encontrados, estabelecendo como regra a idéia de que tudo que “se apresenta” em nosso trajeto é merecedor de um olhar atento. Em seguida confeccionar carimbos utilizando como suporte o próprio objeto como matriz ou fabricar matrizes a partir de batata, argila, bandeja de isopor. Desta maneira estaremos nos aproximando da arte da gravura, criando um ritmo, um movimento, distanciando-se da inércia, trabalhando com a repetição e composição.
4. Chá das cinco – Diálogos com outros artistas:
Conversando com…
5. Para saber + …
BANYAI, I. Zoom. Rio de Janeiro: Brinque-Book,1995 .
MACHADO, J. Ida e Volta. Rio de Janeiro: Agir, 2001.