INSTITUTO BRASILEIRO DE MUSEUS

Museu Victor Meirelles

15ª Semana de Museus: Museus e histórias controversas, dizer o indizível em museus

15a Semana de MuseusbO Museu Victor Meirelles se integra às comemorações da Semana de Museus 2017, que acontece no período de 15 a 21 de maio, programando uma série de atividades, todas alinhadas com a temática definida pelo Icom – Conselho Internacional de Museus para a edição anual do Dia Internacional de Museus, 18 de maio. Museus e histórias controversas: dizer o indizível em museus é o tema proposto para este ano. A orientação é que ele seja desenvolvido e adaptado à realidade dos diversos países que celebram a data.

A programação começa com duas mediações especiais que serão realizadas pela equipe de Ação Educativa do Museu Victor Meirelles. Ambas acontecem de 16 a 26 de maio, dirigidas a turmas escolares, sendo necessário o agendamento prévio através do endereço eletrônico mvm.educativo@museus.gov.br. A primeira é sobre os Processos de Criação do Museu Victor Meirelles e a segunda é uma atividade lúdica realizada através do jogo Era uma Vez um Pintor Chamado Victor.


Victor em 4D

No dia 17 será aberto o Projeto Victor em 4D, um conjunto de exposições de média duração que tem como objetivo sugerir possíveis leituras das obras do artista pertencentes ao acervo do Museu Victor Meirelles, buscando identificar as características estéticas de seus trabalhos, as diferentes fases de Victor como aluno, professor e artista, o ambiente em que sua produção estava inscrita, na segunda metade do século XIX, e finalmente o legado artístico deixado pelo pintor.

Para tanto a exposição está organizada em 4 módulos expositivos. O primeiro deles, Dimensão Estética, poderá ser visitado já a partir do dia 17 de maio e vai abordar algumas características da arte de Victor Meirelles, tais como o estudo permanente como processo de criação artística e a análise estética das suas obras. A seguir vem o Módulo 2 – Dimensão Histórica, de 18 de agosto a 11 de novembro, o Módulo 3 – Dimensão Política, de 16 de novembro a 24 de fevereiro de 2018, e o Módulo 4 – Dimensão Simbólica, que foi dividido em duas partes: O Legado de Victor, em 28 de fevereiro e Victor e o Tempo Presente, a ser exposto em 17 de maio de 2018.

Neste primeiro módulo o visitante é convidado a perceber que Victor Meirelles, ao longo de sua vida, produziu obras de arte muito diferentes, do desenho à pintura, retratos e paisagens, de pequenos estudos a grandiosas pinturas históricas. Será que elas também apresentam algumas semelhanças entre si? Pois mesmo quando assume a tarefa de ensinar a arte que aprendeu, Victor não abandona os seus estudos. O processo de produção artística de Victor Meirelles e de muitos artistas daquele período exigia um estudo detalhado de tudo que estaria em suas obras de arte: as expressões dos personagens, a musculatura de cada corpo representado, os efeitos da luz e da sombra em cada forma pintada, a perfeita combinação de cores em pinceladas bastante sutis.

As características que percebemos nas obras de arte de Victor Meirelles poderiam indicar um estilo ou um movimento artístico específico? Costumamos dizer que Victor era um pintor acadêmico, neoclássico e também romântico. O que isso tudo quer dizer?

Estas e outras questões serão levadas ao visitante para que ele possa imergir nessa dimensão estética e tirar as suas próprias conclusões.

Vistas da exposição:


Revista Ventilando Acervos

A Revista Ventilando Acervos também vai participar da Semana de Museus. No dia 18 haverá o lançamento de um volume especial da revista com o título Conversas Sobre Dizer o Indizível nos Museus. O objetivo da edição é somar vozes democráticas em um campo que permanentemente reforça hierarquias, estereótipos e preconceitos de ordem sociocultural. O ponto de partida é o inspirador texto da museóloga Girlene Chagas Bulhões, publicado no Volume 4 da Revista, em dezembro de 2016, que traça uma cartografia social de fratrimônios, conceito abraçado pela Revista.

REVA“O tema da Semana de Museus, neste ano, sugere aos museus a identificação do ‘não dito’, de seus esquecimentos, das ausências e dos silêncios de seus discursos expográficos. Com esse tema, o Instituto Brasileiro de Museus propõe uma reflexão a partir de questionamentos importantes, tais como quais as histórias que os nossos museus estão contando? Como eles colaboram para a construção ou para o questionamento das versões oficiais dos grupos dominantes? Quais outras histórias precisam ser lembradas? Como trabalhar na expografia o confronto entre lembranças e esquecimentos?”, explica o museólogo Rafael Muniz, editor da Revista.

“O tema é extremamente significativo para o setor dos museus e do patrimônio no atual momento do país, considerando a intensa disputa de poder, posição e opinião da sociedade atual conforme seus interesses e representatividades políticas e socioculturais. A Ventilando Acervos busca reforçar o seu posicionamento contra toda forma de violência e preconceitos, em especial no que tange ao histórico processo de marginalização e apagamento de memórias e de expressões culturais populares, amplamente alicerçado em muitos processos de patrimonialização em museus e no uso que se faz de suas coleções”, finaliza.


Oficina de Animação

O Museu Victor Meirelles programou também para a Semana de Museus a oficina de arte-animação Revelar o Invisível nas Obras de Victor Meirelles. Ela acontece nos dias 22 e 29 de maio e 5 e 12 de junho, sempre no horário das 9h30 às 12 horas e será ministrada por João Ricardo Cararo Lazaro, estagiário da área de Ação Cultural do Museu Victor Meirelles, graduando no bacharelado de Artes Visuais no CEART/Udesc. João ministra oficinas de audiovisual, atua como produtor e realiza experimentações na área da imagem e do som.

Serão disponibilizadas 20 vagas para a oficina e as inscrições podem ser feitas através do e-mail mvm.agenda@museus.gov.br , constando no assunto “oficina de animação” e com os dados do interessado: nome, idade, ocupação, escola ou universidade conforme o caso. A oficina é gratuita e o aluno não precisa trazer material.

A oficina de arte-animação propõe um espaço de criação de narrativas baseadas nas personagens presentes na obra de Victor Meirelles, seja em retratos ou estudos realizados pelo artista, como também nos cenários das fotografias da antiga Nossa Senhora do Desterro, atual Florianópolis, e nas paisagens pintadas por Victor. Posteriormente, será planejada e executada uma animação live-action, que é uma filmagem real de figuras em movimento, a partir dessa narrativa, criada em conjunto pela turma.

Fotos da oficina:


Ciclo de Língua Portuguesa

A partir do tema da Semana de Museus, que sugere a reflexão sobre o “não dito” em suas exposições e acervos, sobre os esquecimentos, as ausências e os silêncios de seus discursos, o Museu Victor Meirelles, em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina-UFSC e a Universidade do estado de Santa Catarina-Udesc, programou para o dia 24 de maio de 2017, quarta-feira, às 16 horas, a mesa-redonda Todo Dizer é Dizível: A Língua Portuguesa Como Patrimônio.

O evento é o primeiro evento do Ciclo Língua Portuguesa e Arte no Museu – Colonização e Descolonização que o Museu Victor Meirelles está organizando e que terá outros três encontros ao longo deste ano. A proposta é de uma reflexão não apenas acerca da influência linguística do idioma português nas línguas e dialetos africanos e destes no português falado na África, mas, acima de tudo sobre os desdobramentos ocorridos a partir do choque entre a cultura europeia ibérica e a cultura africana, em suas diversas formas e linguagens artísticas.

A mesa-redonda Todo Dizer é Dizível pretende discutir os usos da língua portuguesa em sua configuração enquanto patrimônio e identidade, seja pelo poder da literatura, da educação, da linguística ou das ações e reconhecimentos no plano político. A entrada é gratuita e não é necessário fazer inscrição.

As convidadas para este primeiro encontro são:

Ana Lívia dos Santos Agostinho, professora e pesquisadora da Universidade Federal de Santa Catarina-UFSC, doutora em Filologia e Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo. Atua nas áreas de Fonologia e Contato Linguístico e trabalha com as línguas crioulas do Golfo da Guiné e sua fonologia, tendo vasta experiência com trabalho de campo em São Tomé e Príncipe e na Guiné Equatorial. É editora da Revista PAPIA – Revista Brasileira de Estudos do Contato Linguístico.

Cristine Gorski Severo, mestre e doutora em Teoria e Análise Linguística pelo Programa de Pós-Graduação em Linguística da UFSC e pós-doutora em Políticas Linguísticas, pela Universidade Estadual da Pensilvânia/Estados Unidos. É docente e pesquisadora da UFSC e bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq e lidera o grupo de pesquisa Políticas Linguísticas Críticas (CNPq). Publicou o livro Políticas Linguísticas Brasil-África, em 2015, em coautoria com Sinfree Makoni.

Simone Pereira Schmidt, graduada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, mestre em Literatura Brasileira pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, doutora em Teoria Literária pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e pós-doutora em Literaturas de Língua Portuguesa pela Universidade Nova de Lisboa e em Literaturas Africanas de Língua Portuguesa pela Universidade Federal Fluminense-UFF, no Rio de Janeiro. Tem experiência na área de Letras com ênfase em Literatura Portuguesa, Literaturas Africanas de Língua Portuguesa e Teoria Literária. Integra os grupos África, Brasil, Portugal: Interlocuções Literárias, da UFF, Instituto de Estudos de Gênero, da UFSC, e LITERATUAL – Núcleo de Estudos de Literatura Atual, Estudos Feministas e Pós-Coloniais de Narrativas da Contemporaneidade.

Fotos do encontro: