O Museu Victor Meirelles abre na próxima terça-feira, dia 26 de junho, às 19 horas, o último módulo expositivo do Projeto Victor em 4D. É a segunda parte da Dimensão Simbólica, que tem como título Victor e o Tempo Presente e fecha a série de quatro módulos.
Para a abertura desta exposição o museu convidou a Barca dos Livros Biblioteca Comunitária para fazer uma apresentação de Contação de Histórias do Imaginário Ilhéu, com os artistas Ana Araújo e Felipe Ferro.
O encerramento do Projeto Victor em 4D tem como proposta levar o público a perceber a produção de Victor Meirelles no século 21, as suas relações artísticas com a arte dos séculos 20 e 21 e ainda a questão do artista Victor e a cidade de Florianópolis.
Tendo como deferências o tempo, o patrimônio, os ciclos da vida e os mistérios da morte, este último módulo, Victor e o Tempo Presente, “é a garantia da transformação do nosso olhar sobre Victor, sobre o tempo, sobre a arte e sobre a cidade, pois compreender os ciclos da vida nos leva a repensar as relações com o patrimônio e nos possibilita escrever novas histórias”, conforme explica um dos curadores, o museólogo Rafael Muniz.
O Projeto
Iniciado em maio de 2017, o Projeto Victor em 4D foi concebido como um conjunto de exposições de média duração sobre a vida e a produção artística de Victor Meirelles de Lima (1832-1903), pintor nascido na antiga Nossa Senhora do Desterro, atual Florianópolis. O principal objetivo foi sugerir possíveis leituras e interpretações das obras do artista, pertencentes ao acervo do Museu Victor Meirelles, buscando identificar as características estéticas de seus trabalhos, as diferentes fases de Victor como aluno, professor e artista, o ambiente em que sua produção estava inscrita na segunda metade do século 19 e, finalmente, o legado artístico deixado pelo pintor como patrimônio artístico brasileiro.
As mostras foram organizadas em quatro módulos expositivos, sendo o primeiro deles a Dimensão Estética. O Módulo 2 – a Dimensão Histórica, foi montado em agosto de 2017 e o Módulo 3 – Dimensão Política, em novembro. O Módulo 4 – Dimensão Simbólica foi dividido em duas partes: o Legado de Victor, com abertura em fevereiro deste ano e Victor e o Tempo Presente, que agora encerra o ciclo.
Esta última exposição foi planejada em conjunto com os participantes da Oficina de Planejamento de Exposições, realizada em março e abril deste ano pela equipe do Museu Victor Meirelles com graduandos em Artes Visuais da Udesc e Museologia da UFSC. As propostas surgidas durante a oficina proporcionaram à exposição um tema principal de discussão: a passagem do tempo.
O tema foi então investigado nos diferentes momentos da história e geraram uma multiplicidade de pensamentos sobre a criação artística, os processos de registros de memórias e seus consequentes esquecimentos e os olhares sobre a cidade de Florianópolis. Também foram objeto de análises o ambiente e as paisagens culturais que nos cercam, assim como os ciclos de morte e renascimento de ideias, de percepções e de projeções sobre a arte e o patrimônio.
Victor e o Tempo Presente
A primeira parte da exposição Victor e o Tempo Presente sugere ao visitante uma imersão no espaço sagrado de cerimônia à morte, de modo que ele a perceba como indispensável à renovação da vida. Para tanto um velório pelo fim da exposição é mediado pela reunião de pinturas de Victor Meirelles, como A Morta e Estudo Para Invocação à Virgem, e de trabalhos artísticos contemporâneos, como o Ex-voto, de Célio Braga e a Ciranda, de Ana Elisa Dias Baptista. Além disso, santinhos com uma seleção de poemas referentes à morte estarão disponíveis para leitura junto às obras de arte.
Paisagens de Florianópolis de diferentes períodos são apresentadas na segunda parte. Estes trabalhos foram produzidos por diferentes artistas com o objetivo de perceber, a partir dos olhares dos autores, os tempos da cidade, as memórias urbanas e as transformações das paisagens culturais da Ilha de Santa Catarina. As quatro obras que compõem esse núcleo são uma gravura do século 17, intitulada Vista da Ilha de Santa Catarina, de Duché du Vancy, Vista Parcial de Nossa Senhora do Desterro, de 1846, que é considerado o primeiro desenho de Victor Meirelles, um estudo sem título de autoria de Aldo Beck, retratando artisticamente a arquitetura do bairro Santo Antonio de Lisboa e leituras contemporâneas, como o vídeo Desterro, de Dora Longo Bahia.
Ao fim da exposição, na terceira parte, são dispostas três possibilidades de interpretação artística e temática da morte. Com Mulheres Suliotas, de Victor Meirelles, cópia de Ary Scheffer (1785-1858), tem-se uma morte iminente, dramática e perturbadora, em que mulheres e crianças gregas encontram-se à beira de um precipício, fugindo dos soldados turcos. Trata-se de um episódio histórico da resistência civil grega à dominação otomana no século 19. Já em Esboceto para Batalha dos Guararapes a morte certa dos soldados em uma batalha parece se esvanecer por uma opção estética de Victor Meirelles em não representá-la diretamente, num estudo realístico sobre os movimentos dos corpos em guerra, mas ainda vivos. A última obra de arte da exposição é Apocalipse, de Marcelo Grassmann, uma releitura da “revelação” registrada em um dos livros da Bíblia: o fim do mundo, na tradição cristã.
Filme
O Museu Victor Meirelles programou ainda para o dia 4 de julho, às 18h30min, como parte das atividades da exposição de encerramento do Projeto Victor em 4D, a exibição do filme canadense Sombras da Vida, de 2017, do diretor David Lowery.
Após a sessão haverá uma roda de conversa, com a mediação de Igor Amorim, bibliotecário, documentalista e cientista da Informação pela USP de Ribeirão Preto. Igor é mestre em Ciência da Informação pela UFSC e atualmente está cursando o doutorado na mesma disciplina.
A exposição Victor e o Tempo Presente fica em cartaz no Museu Victor Meirelles até 11 de agosto de 2018. O museu está funcionando na sede provisória, à Rua Rafael Bandeira, nº 41, Centro. A entrada é gratuita.
Projeto Victor em 4D
A Dimensão Simbólica – Parte II
Victor e o Tempo Presente – Exposição
Abertura: dia 26 de junho, às 19 horas
Contação de Histórias do Imaginário Ilhéu
com a Barca dos Livros