O Museu Victor Meirelles abre nesta sexta-feira, dia 22, às 19 horas, a exposição Cinema do Acaso. A data de abertura, excepcionalmente uma sexta-feira, foi escolhida como deferência pela passagem dos 110 anos de morte de Victor Meirelles, ocorrida em 1903, na cidade do Rio de Janeiro.
A mostra Cinema do Acaso faz parte de um conjunto de trabalhos recentes do coletivo Cine Água, desenvolvidos a partir da ideia de um cinema mínimo, um cinema feito de situações absolutamente corriqueiras, que se potencializam a partir de um enfoque muito particular.
O coletivo Cine Água, formado pelos artistas Dirnei Prates e Nelton Pellenz, vem discutindo, entre suas propostas, questões que buscam a diluição das fronteiras entre o cinema e as artes plásticas. A água, referência sempre presente, é o elo que aglutina uma série de ideias a respeito de deslocamento, lugar, tempo e memória.
Na exposição Cinema do Acaso os trabalhos apresentados, compostos por vídeos e livros, partem do registro de situações triviais que, a partir desta distinção, assumem o papel de um inventário dos deslocamentos dos artistas pelo litoral.
São os próprios Dirnei e Nelton que explicam: “O Cinema do Acaso parte de uma noção de diário de acontecimentos. Os trabalhos foram feitos durante o período em que ficamos na Barra da Lagoa/SC, em 2011 – em torno de 14 dias – e narram, de certa forma, esse cotidiano, sempre tentando manter o foco nas nossas referências. Dessa forma, os trabalhos apresentam esses dados de uma vivência e de descobertas num determinado local, misturados com as possibilidades poéticas que nos contaminaram.”
Cinema do Acaso faz parte de um projeto maior chamado Google Water, que consiste em deslocamentos até cidades que têm a água no próprio nome, de alguma forma. Mapeados esses locais, os artistas então partem em direção a eles com a finalidade de realizar uma ação temporária ou algum tipo de registro que vá gerar um desdobramento do trabalho. Nesta mostra, estão expostos os resultados das visitas feitas à praia da Barra da Lagoa, em Florianópolis/SC.
Dirnei Prates e Nelton Pellenz possuem trajetórias individuais e já participaram de diversos salões de arte, mostras de cinema e exposições nacionais e internacionais. Trabalham juntos desde 2006 e entre as propostas da dupla estão trabalhos em fotografia, vídeo, intervenções e organização de mostras de cinema expandido.
Entre as exposições do Cine Água, estão Marestesia, na Galeria Ecarta e Aquaplay, na Galeria Iberê Camargo, na Usina do Gasômetro, ambas em 2011, em Porto Alegre. No ano de 2010, Salas de Chuva, contemplada com o Prêmio Funarte de Arte Contemporânea, na galeria Fayga Ostrower, em Brasília e Cine Água, indicada ao V Prêmio Açorianos de Artes Plásticas, na Galeria Lunara; neste mesmo ano, também recebem o Prêmio Açorianos de Artes Plásticas na categoria Novas Mídias, pela exposição Infiltração.
Em 2009, realizam o Projeto S.E.C.A., que consistiu em intervenções urbanas em Santa Catarina, recebem indicação ao Prêmio Filme Livre, no CCBB/RJ, pelo filme Tela Branca e são os organizadores da exposição Infiltração, que contou com trabalhos de 32 videoartistas brasileiros espalhados em quatro espaços expositivos em Porto Alegre. Dirnei Prates e Nelton Pellenz vivem e trabalham em Porto Alegre.
A exposição Cinema do Acaso faz parte da Agenda Cultural do Museu Victor Meirelles, que conta com o patrocínio da Tractebel Energia, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
O Dia 22 de Fevereiro
A passagem dos 110 anos de morte de Victor Meirelles, data reverenciada pelo museu através desta exposição, é oportuna para lembrar toda a trajetória do artista catarinense, desde a sua condição de aluno na Academia Imperial de Belas Artes até se tornar professor honorário da própria. Enseja ainda uma reflexão em torno de toda a sua obra, já que ao mesmo tempo em que se encerra o ciclo de sua vida, vida de dedicação à Arte, se iniciam os estudos sobre a sua obra, aflorando o seu talento e a sua dedicação, o que resultou mais tarde no seu reconhecimento como o maior pintor brasileiro do século 19.
Em trecho do livro catálogo 50 Anos do Museu Victor Meirelles podemos ler que “em 1903, doente e abandonado, Victor Meirelles não resiste e morre na manhã de 22 de fevereiro, um domingo de Carnaval, legando para o país uma das maiores obras pictóricas de que se tem conhecimento. Tinha então 71 anos. A viúva, Rosália, morreu ao final do mesmo ano.”
Mais do que lembrar e homenagear Victor Meirelles cabe ao museu que leva o seu nome a tarefa de preservar, pesquisar e divulgar a vida e a obra deste artista, de modo que o seu legado faça parte não só do nosso passado histórico, mas que tenha condições também de ser levado a fazer parte do futuro de todos nós.
Exposição Cinema do Acaso
de Dirnei Prates e Nelton Pellenz
Abertura: 22 de fevereiro, 19 horas
Até 12 de maio de 2013
Museu Victor Meirelles
Rua Victor Meirelles, 59 – Centro – Florianópolis
Visitação: de terça a sexta-feira, das 10 às 18 horas
Sábados, domingos e feriados, das 10 às 14 horas
Entrada Gratuita