INSTITUTO BRASILEIRO DE MUSEUS

Museu Victor Meirelles

n. 4 – Atividades Educativas

Revista Eletrônica um ponto e outro nº 04 – Fabiana Wielewicki

Revista do programa de exposições do Museu Victor Meirelles

Atividades Educativas

A ação educativa foi pensada para este espaço expositivo, trabalhando com o recorte da obra de Fabiana Wielewicki exposta no Museu Victor Meirelles, no período de 25 de abril a de 2007 a 14 de junho de 2007

Fabiana Wielewicki

1. Biografia

retrato1_1_Londrina, 1977
Vive e trabalha em Florianópolis- SC

Fabiana Wielewicki concluiu o curso de Bacharelado em artes plásticas, em 2001, na Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC, ingressando em 2005, no mestrado de artes visuais do Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. A artista realizou exposições individuais dentre as quais: Paralaxe (MIS, Florianópolis, 2001), Os Segredos da Boa Fotografia (MASC, Florianópolis, 2003), Paisagem programada (Pinacoteca Barão de Santo Ângelo, Porto Alegre, 2005). Participou de diversas exposições coletivas: Estranhamento (MAC, Curitiba, 2002), Grafias do Lugar (Itaú Cultural Belo Horizonte, 2002), Rumos da nova arte contemporânea brasileira: Programa Rumos Itaú Cultural Artes Visuais (Palácio das Artes, Belo Horizonte, 2002), II Panorama da Arte Contemporânea em Santa Catarina (MASC, Florianópolis, 2003), Um território da fotografia (Galeria dos Arcos: Usina do Gasômetro, Porto Alegre, 2003), Efeitos de Borda: subjetividades e espaço público (Memorial do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005), Diálogos com a Desterro (Museu Victor Meirelles, Florianópolis, 2006), Pretexto (Museu Histórico de Santa Catarina, Florianópolis, 2006), Fiat Mostra Brasil (Porão das Artes da Fundação Bienal, São Paulo, 2006).

Fabiana Wielewicki, começa a introduzir a foto em seus trabalhos a partir do ano 2000, incorporando-a em sua pesquisa, sendo tema de sua dissertação de mestrado. Atualmente ministra cursos de fotografia e arte contemporânea, trabalhando como assessora no Projeto Pretexto, do SESC/SC.

Fabiana é uma artista que dialoga com o mundo da imagem fotográfica. Suas séries de fotomontagens, foto-objetos, foto-instalações brincam com o nosso olhar, este olhar à paisagem, olhar-paisagem. Fotografias construídas de pequenas ficções derivadas da composição da imagem, de “falhas” técnicas, de limitações, de “gambiarras”, de “flâneries”. Este “olhar-zoom”, nos convida, como o coelho de Alice a entrar na paisagem dentro da paisagem de outra paisagem e tentar capturar para onde a artista está olhando.

para saber mais, acesse: biografia e imagens de outros trabalhos

2. Diálogos

A partir da obra de Fabiana Wielewicki, quais as possibilidades de gerarmos temas a serem trabalhados em sala de aula? Para facilitar o desdobramento das ações propomos como temas iniciais os seguintes:

Materialidade – Que suportes e técnicas a artista utilizou? Que tipo de texturas as fotografias da artista sugerem? A artista é influenciada pelas diversas paisagens do ambiente em que vive (urbana, concreta, natural, marítima, e outras) Que influências recebemos do lugar em que vivemos? Quantas paisagens podemos identificar neste lugar? Quais são as paisagens registradas pela artista?

Processos de composição – De que maneira a combinação de materiais distintos podem sugerir interpretações diferenciadas, a partir dos procedimentos que adotarmos com eles? De que maneira a composição adotada pela artista sugere outras paisagens? Como a artista compõe elementos distintos, repetindo os mesmos elementos? Como a artista trabalha a composição de cor em seus trabalhos? É um elemento significativo? Como a artista compõe as diversas camadas de paisagens que aparecem ao seu olhar? Conseguimos identificar estas muitas camadas?

Arte/foto/vida – Quais as relações que eu (aluno) sou capaz de fazer com esta obra que acabo de observar? Consigo me identificar com o trabalho? Qual é a temática predominante na obra da artista? Consigo associar as imagens da obra com imagens existentes no mundo em que vivo? Como esta forma de registro através da fotografia, está presente em nosso cotidiano e ao longo da história da arte?

Identidade/ subjetividade – Como me vejo representado a partir da escolha de materiais e procedimentos artísticos. Existe algo que pertença à identidade coletiva, do grupo? E identidade individual, há alguma parte do trabalho na qual você se identifica? A partir de uma mesma imagem da obra quais são as possíveis relações que estabelecemos de maneira individual. Como a identidade da artista é trabalhada a partir da presença de sua imagem na obra?

Inventividade/hibridismo – Como podemos traçar relações entre os trabalhos da artista e o que supomos ver? A artista menciona em conversa informal com os membros participantes da Revista Um Ponto e Outro, que viver numa ilha (Florianópolis) tem estimulado outros olhares, que pelo fato de estar cercada por mar, a motiva a registrá-lo. Quando observamos a obra intitulada Azul Marinho, vemos muitos mares, um mar da foto propriamente dito, um mar que a artista vê, e o mar que emerge de um livro, temos muitas peles de mar. Pensando em nosso cotidiano, neste mundo imagético, onde as imagens muitas vezes terminam tendo mais peso que o “real”. Pensar em questões da história da arte, em obras que só conhecemos por fotos.

Corpo – De quais maneiras posso representar meu corpo a partir de materiais expressivos? Como o corpo aparece na obra de Fabiana Wielewicki? Comente isso com relação à arte contemporânea, ao corpo contemporâneo, ao corpo híbrido, à presença do corpo da artista em sua obra onde olhamos o que a mesma olha, não tendo acesso ao seu olhar diretamente.

Dicionário – O titulo escolhido pela artista para nomear a exposição é “2ª natureza”.O que este título sugere? Associe os títulos propostos pela artista ao trabalho exposto. Onde podemos perceber uma segunda natureza? De qual segunda natureza a artista está falando?

Gambiarra/Apropriação – Tendo como referência a obra de Fabiana Wielewicki e as propostas de apropriação de imagens, a fotografia, a paisagem inserida em outra paisagem, trabalhando questões como o duplo, paisagem natural, paisagem artificial. A “gambiarra”, popularmente definida como práticas que se utilizam da improvisação, de dar aquele jeitinho brasileiro, para gerar soluções, para remediar, pode estar relacionada ao conceito de design industrial no sentido de obter soluções “fáceis”. Pense ao longo da história da arte como foram sendo apresentadas estas questões, já que ambas tanto a apropriação quanto a gambiarra são utilizadas no processo da artista, a primeira aparece quando a mesma trabalha com imagens produzidas por outros artistas, a questão da gambiarra aparece nos recursos e artimanhas técnicas utilizadas para obter um determinado resultado almejado.

3. Obra em ação – Pensando obras da exposição

Fazendo um recorte da obra de Fabiana Wielewicki, escolhemos três trabalhos, que estarão presentes no museu Victor Meirelles, para sugerir algumas propostas a serem desenvolvidas pelo professor em sala de aula. Relacionando questões presentes na arte contemporânea, literatura, música e outras.

Horizontes de papel – Em grande parte das obras expostas o corpo da artista mesmo estando de costas para o espectador, está presente, exemplificando a obra: Azul Marinho: Díptico, 2007. Solicitar desta forma uma fotocópia de fotos tamanho 3×4, de cada aluno, e refletindo sobre a inserção na paisagem, trabalhar com estas fotos inserindo-as em paisagens retiradas de revistas. Após esta etapa o aluno poderá criar uma ficção, um pequeno texto (oral ou escrito) onde explorará o trajeto “percorrido” nesta paisagem, vivenciando esta experiência. Apesar da artista não trabalhar com foto-montagens, no entanto poderá servir de referência o quanto este recurso aparece na história da arte e levar alguns artistas tais como: Athos Bulcão, Alfredo Nicolaiewsky, David Hockney, entre outros e fotomontagens dadaístas de artistas como: John Hartfield, George Grosz, Andréas Baader, Hannah Höch e Raoul Hausmann.

Eu/paisagem – A partir do Dicionário Mário 100 Anos Quintana – A Quinta Essência de Quintana, selecionando verbetes que trazem fragmentos da obra do poeta Mário Quintana, estes dialogam com a obra de Fabiana Wielewicki, nomeada 2ª Natureza, nos seguintes aspectos apresentados pela própria artista: paisagem, mar e cidade. Levando em consideração o município de Florianópolis, pelo mesmo ser uma ilha, solicitar aos alunos registros por meio de desenho ou foto, de encontros destes três verbetes e relacioná-los com as fotos expostas no museu.

Mar – “Esse embalo de ondas / Das ondas do mar/ Não é um embalo / Para ti ninar. / O mar é embalo/ Pelos afogados ! / O canto do vento/ Do vento do mar/ Não é um canto/ Para te ninar…/ São eles que tentam/ Que tentam falar!(…)” Esconderijos do Tempo: excerto de A canção do mar, p.13.

Paisagem – “Ondas dançando na praia, / Areia quente como o nosso olhar. / Do que eu ia escrever até me esqueço… / Pra que pensar? / Nós também fizemos parte da paisagem!” Água – Os últimos textos de Mário Quintana: praia do nordeste, p.25

Cidade – “(…) A cidade é que é nossa verdadeira natureza. Com incômodos, sim, mas muito mais variados que os da natureza propriamente dita.” Porta Giratória: excerto de O citadino, p.53.

Cidade – “A sempre uma cidade dentro de outra / e esse eterno desentendido entre o Espaço e o Tempo.(…) Bau de Espantos: excerto de A casa fantasma, p.5.

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CORONEL, L. Mário Quintana: 100 anos – A Quinta Essência de Quintana. Porto Alegre: Mecenas, 2005.

Contando histórias – Tendo como referência a obra de Fabiana Wielewicki e as propostas de apropriação de imagens, paisagem inserida em outra paisagem, paisagem natural, paisagem artificial. Desenvolver com diferentes materiais (retirados da natureza, sucatas de artefatos industriais, imagens de revistas, etc.) a montagem pequenos cenários trabalhados com lanternas e papel celofane de várias cores para criar esquetes onde se desenvolvam os temas: mar, paisagem cidade,aglomeração, tempo, incompatibilidade espacial , ilha, inadequação, solidão, acomodação, felicidade. Esta atividade foi pensada levando em consideração os trabalhos intitulados de “2ª natureza”.

4. Chá das cinco

Traçando um paralelo entre a obra de Fabiana W. e outros artistas, levando em consideração aproximações formais e/ou conceituais, sugerimos alguns nomes para possíveis diálogos. Selecionamos algumas questões que levaram-nos a esta aproximação, tais como: fotografia, processo, “gambiarra”, paisagem, auto-retrato, registro.

Bruna Mansani

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Bruna Mansani
Registro de performance
Estratégia de disseminação: Ditos e Crenças a giz sob muros e tapumes
Ditos e Crenças populares de utilidade cotidiana – Falsas Verdades
Florianópolis/SC, 2005 [Dimensões variáveis]

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Juliana Crispe
Série: Coisas que olham para o céu, coleção de fotos iniciada em 2005
Dimensão: 21 x 17cm
Ano: 2007

omarArthur Omar
“Esplendor” – 2005 – fotografia

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Francis Alÿs
“História de un desengaño” – Patagônia, 2003-2006

orozco

Gabriel Orozco
“Isla en una isla”, 1993

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Janet Cardiff
“Cabelo Comprido e preto dela”, 2004

3

Caspar David Friedrich
“Femme au soleil du matin” , 1818,
30 x 22 cm

2

Caspar David Friedrich
“Femme a la fenêtre” 1822 ,
44 x 37 cm4

René Magritte
“La Belle Captive” – 1967,
guache sobre papel, 29,8 x 45,2 cm.

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René Magritte
“Decalcomania”, 1966.

5. Para saber + …
Outras referências consultadas para a execução e pesquisa das atividades propostas; algumas são sugestões da artista levando em consideração sua pesquisa.

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Alice no País das Maravilhas – Col. Primeiros ClássicosCarroll, Lewis Ibep

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Robson Crusoé: A Aventura de um Náufrago numa Ilha Deserta, Daniel Defoe, Cia. Das Letrinhas