A impressão que temos ao deparar com os desenhos que compõem esta mostra de Flávia, é que a artista se deu conta que se pode abandonar tudo e recomeçar do zero.
Na folha em branco com três ou quatro traços que são simples incisões de grafite, transparece o entusiasmo com a descoberta das possibilidades presentes diante de um vazio que se anuncia.
Nas placas de metal a artista parte também dos elementos mínimos, o traço no caso, e pouco a pouco constrói suas tessituras gráficas.
As linhas-incisões se expandem, se contraem, se juntam, se afastam, se entrelaçam.
Da trama ou das manhas negras surge o campo de contraste de claro-escuro específica da linguagem gravada.
Os ritmos plásticos se estabelecem e o processo criativo é revelado.
Através dos desenhos é desnudado para o espectador o processo claro e denso com que Flávia constrói seus trabalhos.
Não oculta os meios utilizados para a realização de cada gravura.
Partindo de ideias esboçadas a carvão sobre papel, ao defrontar-se com o metal a autora utiliza de forma concisa os meios que a gravura oferece.
Trata-se de uma busca autêntica de síntese e não de uma procura meramente formal.
Os resultados são expressivos e fortes.
O caráter processual dos trabalhos, o despojamento e o abandono de todos os referenciais simbólicos da realidade visível, revelam a busca da expressão e da mais total liberdade de criar que são o próprio cerne das definições de Flávia.
JANGA- João Otávio Neves Filho (Membro da ABCA)
Visitações:
Exposição aberta de 24 de maio a 02 de julho de 1995.
Horários:
Aberto de terça a sexta-feira, das 10h às 18h.
Sábados das 10h às 14h.
Informações:
(48) 3222-0692
museuvictormeirelles.museus.gov.br
mvm@museus.gov.br