LÍVIO ABRAMO – A ESSÊNCIA DA ARTE DE GRAVAR
Entre nós, ninguém melhor do que Lívio Abramo para mostrar o mais puro sentido da criação e integridade do ser humano como artista. É o que tentamos mostrar através de sua trajetória.
Paulista de Araraquara – 1903, vindo de uma família de imigrantes classe média, desde jovem já começa a freqüentar o universo artístico paulistano, não perdendo o hábito de cultivar o interesse pela cultura e questionar sempre os valores sociais.
Lívio Abramo é um Mestre e não se repete. Tendo sido influenciado pelo expressionismo alemão, pelo contato com obras dos grupos DIE BRÜCKE e BLAU REITER, Lívio Abramo deixa fluir todo caráter mágico, sobrenatural, metafísico, recriando o drama que a humanidade assistis angustiada e que passadas várias décadas ainda assiste. Lívio Abramo sabe ser lírico, romântico até, como os verdadeiros artistas o são, quando ele interpreta as paisagens paulistas. A seguir vêm as gravuras da guerra civil espanhola, de uma densa carga dramática. Já nas ilustrações do livro Pelo Sertão, as imagens são de um refinamento de Mestre.
Em suas obras Lívio Abramo mostra seu total domínio sobre o meio que elegeu para transmitir a emoção da obra escrita de Afonso Arinos, numa perfeita sincronia com o texto. Da série do Rio de Janeiro e Paraguai, o gravador já demonstra uma visão final, “clássica”, tal é o seu grau de construção e severidade, equilíbrio na composição, no dinamismo das últimas gravuras (da fase do Paraguai).
Nada na obra de Lívio Abramo acontece por acaso. Em cada trabalho não existe uma ordem preestabelecida, em cada gravura ele tem que descobrir novos caminhos, apoiando-se em suas experiências práticas anteriores, que é sua visão, seu sentimento de vida, sua bússola para equilibrar intuitivamente sua criação, num estado interior para saber em que momento a obra sofre seu processo de cristalização.
Quando olhamos para s gravuras de Lívio Abramo sentimos de imediato a carga de total autenticidade do Mestre. Cada sulco, cada linha gravada nos contrastes, nas passagens das matizes de cinzas formando um só conjunto na composição, harmonizando as formas, tornando-as inteiramente expressivas.
É onde percebemos com grande clareza e coerência do Mestre gravador, que busca desde o início transmitir toda sua visão, acreditando na grande potencialidade do Ser.
ALEX GAMA
Rio de Janeiro, março de 1999
Visitações:
Exposição aberta de 22 de fevereiro a 16 de abril de 2000.
Horários:
Aberto de terça a sexta-feira, das 10h às 18h.
Sábados das 10h às 14h.
Informações:
(48) 3222-0692
museuvictormeirelles.museus.gov.br
mvm@museus.gov.br