O interesse de Max Moura pelas artes gráficas vem desde os anos setenta quando inicialmente frequentou o atelier de litografia da FAAP. Cursando a Escola Superior de Propaganda trabalhou em publicações paulistanas fazendo ilustrações e diagramações ousadas e inovadoras. Autodidata na pintura e no desenho buscou na gravura uma formação mais sistemática.
Fez os cursos regulares de gravura em metal na Art Student League of New York chegando a ser monitor do consagrado gravador Roberto De Lamônica.
Essa passagem pelo Art Student foi decisiva para o trabalho gráfico de Max.
A solitária luta do atelier de gravura com seu processo meticuloso e exercício constante da paciência, possibilitou ao extrovertido artista uma maior introspecção e consequente adensamento de suas reflexões plásticas básicas.
Em suas gravuras permanece o gestualismo livre e desrepressor das pinturas enriquecido agora com os efeitos peculiares das técnicas das pontas secas, das águas tintas e das águas fortes.
Nesta mostra do Museu Victor Meirelles ao lado das gravuras estão também as monotipias cujo caráter adaptou-se perfeitamente às intenções expressivas do autor que transformou-se num verdadeiro mestre desta modalidade.
Nas chapas de acrílico entintadas Max pode dar vazão a seus arrebatamentos dionisíacos através das pinceladas, traços compulsivos, grafismos e incisões que expandem-se por toda a superfície de forma aparentemente caótica. As texturas transparentes e opacidade obtidas através das sucessivas prensagem, criam campos de cor onde estes elementos estruturam-se organicamente fundindo figura e fundo num todo dinâmico e feérico.
A excelência deste trabalho de impressor pode ser conferida no imponente painel gráfico do Centro de Convivência da UFSC cuja impressão foi orientada por Max.
São provenientes deste painel algumas gravuras presentes, como por exemplo, as que utilizam perfis obtidos com relevos ordenados simetricamente em torno de um ponto focal que é o centro visual do painel.
Quase abstração que o gestualismo e a informalidade conferem aos trabalhos de Max não elimina o recurso a alguns signos, dentre estes dois temas são recorrentes: os varais e a escada.
Nos varais, suspensas por um fio, roupas tremulam no céu tormentosas, apocalípticas, dinamizadas pela rica trama de pinceladas nervosas de manchas e texturas diversas que se contraem e expandem num clima de grande densidade dramática, dilaceradas, distorcidas, fragmentadas, as formas parecem querer explodir revelando-nos sua essência.
Apontando para a transcendência, para a necessidade de ir além da aparência visível das coisas, buscando atingir o inatingível, a escada paira no ar inquietante em suas diagonais barrocas.
Pela irreverência e espírito desafiadoramente iconoplasta, Max Moura foi por muito considerado o eterno “enfant terrible” da arte catarinense.
Sua série de gravuras ora expostas mostra-nos um artista em plena maturidade, senhor de sua técnica e de seus meios expressivos e que soube amadurecer sem perder o contato com o frescor e a espontaneidade das fontes da criatividade genuína.
João Otávio Neves Filho
Membro da ABCA/AICA e do
Conselho de Cultura – SC
Visitações:
Exposição aberta de 26 de abril a 25 de junho de 2000.
Horários:
Aberto de terça a sexta-feira, das 10h às 18h.
Sábados das 10h às 14h.
Informações:
(48) 3222-0692
museuvictormeirelles.museus.gov.br
mvm@museus.gov.br