Tarcisio Mattos distorce cenário urbano
Fotógrafo abre exposição onde apresenta uma visão pessoal e inovadora de vários pontos da cidade
Jeferson Lima
O espaço urbano do Centro de Florianópolis recebeu um versão distorcida através das lentes fotográficas de Tarcísio Mattos. Denominada “Coisas Por Trás Das Coisas”, abre hoje, às 20 horas, no Museu Vítor Meireles, uma exposição reunindo11 fotos, seis delas inéditas. As outras cinco fizeram parte da exposição “Cinco Nós”, uma coletiva com outros quatro fotógrafos realizadas na sala de mulmídia do Centro Integrado de Cultura (CIC), em novembro do ano passado. Para realização das fotos não foi utilizada nenhuma técnica especial, a não ser fotografar a cidade com filmes coloridos através de alguns objetos transparentes, como bolhas de sabão, vaso de vidro, esfera, elefante de cristal e aquário de peixe. Talvez os visitantes do museu tenham alguma dificuldade para identificar os lugares por onde Tarcísio registrou suas imagens, mas com um pouco de esforço é possível descobrir a praça 15 de Novembro, as esquinas das ruas Trajano e Felipe Schmidt, a Catedral Metropolitana, o Centro Comercial ARS, Mercado Público Municipal, entre outras paisagens concretas. Com uma linguagem contemporânea, as fotos são abrigadas no museu sob um signo feliz: Vítor Meireles (l832-1903) era apaixonado pela fotografia, fixada pela primeira vez em 1849. Incentivador da nova técnica, Vítor era convidado a participar das comissões de jurados de concursos fotográficos. Esta é a primeira vez que o museu apresenta um mostra fotográfica. O prédio também comemora 50 anos de tombamento como patrimônio histórico neste ano. Originalmente é um museu do papel, com exposições das várias modalidades das gravuras e aquarelas. Desde de 1952 como museu, apresentava exclusivamente obras do artista que dá nome à casa. Em 1991 passou a sediar exposições de arte contemporânea.
BOLHA DE SABÃO
A “brincadeira” de fotografar “coisas por trás das coisas”, segundo o próprio Tarcísio, nasceu em 1993 na casa de um amigo, quando o fotógrafo – olhando para uma bolha de sabão -, viu refletida a casa onde ele estava. A imagem provocou tamanha inquietação a ponto dele criar uma sequência de fotos com bolhas de sabão na avenida Beira-mar Norte. O resultado foi exposto na Fundação Prometeus Libertus.
A idéia retornou à cabeça de Tarcísio na Semana de fotografia de Florianópolis, em setembro do ano passado, quando ele e outros fotógrafos discutiam a pouca inventividade nas exposições da arte da câmera escura na Capital. Surgiu então a idéia de fazer uma brincadeira, que provocou olhares subjetivos sobre temas variados dos fotógrafos Danísio Silva, Eduardo Marques, Debby Campos, Mario Bianchini e Tarcísio na exposição “Cinco Nós”.
MARATONA
Tarcísio começou a fotografar em 1979, trabalhando nos principais jornais do Estado e montou sua própria agência com colegas de profissão em 1988. Realiza trabalhos editoriais para revistas e jornais do Brasil, agências de publicidade, bancos de imagens e instituições públicas. Em duas Maratonas Fotográficas realizadas pela Prefeitura no aniversário de Florianópolis, ficou em segundo lugar. Participou somente de duas, para incentivar as filhas, gêmeas de 20 anos. Participou de várias exposições e de mais de dez livros de fotografia. Tarcísio divide seu tempo entre a foto publicitária e o fotojornalismo, com linguagens específicas. “Nas duas não há liberdade de experimentação, uma limitada à pauta e a outra ao lay out”, diz. Nesta sequência de “Coisas por trás das coisas”, o fotógrafo se permite brincar, criando imagens agradáveis e muitas vezes inusitadas.
Fonte: http://www1.an.com.br/ancapital/2000/jun/29/1ult.htm
Visitações:
Exposição aberta de 29 de junho a 15 de agosto de 2000.
Horários:
Aberto de terça a sexta-feira, das 10h às 18h.
Sábados das 10h às 14h.
Informações:
(48) 3222-0692
museuvictormeirelles.museus.gov.br
mvm@museus.gov.br