“A arte da caricatura é geralmente considerada como um dom perigoso, mais próprio a tornar seu possuidor temido do que estimado [……] e fazendo tremer à simples idéia de ver suas loucuras, seus vícios, expostos à ponta acerada do ridículo, aqueles mesmos que enfrentariam com desdém censuras atrozes”, Capitão Francis Grose, na apresentação de seu livro Rules for drawing, with an Essay on Comic Painting, editado em Londres, em 1788.
Arte, política, esporte … – no humor é uma síntese da coleção de caricatura brasileira, do período moderno e contemporâneo, do Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro. Reúne nomes consagrados do humor como o desenhista Mendez, o artista e compositor Nássara, criador de famosas marchinhas de carnaval como “Ala, lá, lá, ô”, “Florisbela” e talentos consagrados como Chico Caruso, Cássio Loredano e o jovem Amorim. Intelectuais, músicos e expressões máximas do nosso meio artístico e futebolístico são vistos e examinados, através do traço e da pincelada de nanquim, do lápis de cor , do guache e da aquarela, destes mestres do humor, que transformam figuras humanas em arte, com um grande precisão e poder de síntese.
É interessante destacar nesta exposição, por exemplo, uma das figuras caricaturadas – Ari Barroso – analisada, em diferentes épocas, por três dos artistas selecionados para esta mostra. Ari (1903-1964 ), possuía uma fisionomia muito peculiar e era freqüentemente caricaturado por seus contemporâneos e continuou como foco de atenção de novas gerações. Podemos observar sua figura vista sobre o olhar de Mendez , na década de 60, por Nássara em 80 e pelo talentoso Amorim, em 1999. Seus principais traços são salientados e traduzidos em desenho e obra de humor, com exatidão e prudência.
A caricatura é , em sua concepção primeira, a representação da fisionomia humana com características grotescas, cômicas ou humorísticas. Herman Lima, escritor dos mais conceituados, e um dos pioneiros da crítica sobre a caricatura no Brasil, em seu livro, História da Caricatura no Brasil, de 1963, publicada pela Livraria José Olympio Editora, Rio de Janeiro, ressalta “ a caricatura não fez mais do que acrescer sua alta significação como arte autêntica, não só na análise de costumes políticos e sociais, como na fixação de elementos subsidiários da História e da Sociologia […..] . Elas terão sempre interesse e valor para os historiadores e os estudantes […..]” .
Inúmeros periódicos e revistas circularam no Brasil, desde o início do XIX, publicando caricaturas, charges e cartuns, de renomados artistas. Destacamos publicações como Lanterna Mágica, O Mosquito, O Mequetrefe e Revista Ilustrada, esta última de propriedade de Ângelo Agostini, que teve seu primeiro número impresso em julho de 1876. Somam –se à estes títulos A Cigarra e O Mercúrio , do renomado artista português Julião Machado, além das populares A Careta, O Malho e Fon- Fon, para lembrarmos apenas alguns periódicos que atravessaram o tempo e são fontes de pesquisa permanente.
Mônica F. B.Xexéo – Museu Nacional de Belas Artes
Visitações:
Exposição aberta de 22 de agosto a 14 de outubro de 2001.
Horários:
Aberto de terça a sexta-feira, das 10h às 18h.
Sábados das 10h às 14h.
Informações:
(48) 3222-0692
museuvictormeirelles.museus.gov.br
mvm@museus.gov.br