INSTITUTO BRASILEIRO DE MUSEUS

Museu Victor Meirelles

Malu Saddi – “Linhas do Sistema Criado”

"Preciosos vasos condutores extraídores de vida de uma plumagem já falecida", Malu Saddi, 2005, Curitiba/PR, caneta nanquim sobre papel, 70 x 100 cm
“Preciosos vasos condutores extraídores de vida de uma plumagem já falecida”, Malu Saddi

Nesta mostra, Malu Saddi apresenta desenhos em grandes formatos, feitos em nanquim sobre papel. A artista constrói, através do seu desenho, seqüências que sugerem estruturas orgânicas não ordenadas, possibilitando fabulações e convidando o espectador a uma imersão num emaranhado de linhas. A fragilidade vem à tona quando pequenos desenhos alcançam grandes escalas, formando sistemas que não são suporte para coisa alguma, que se auto-organizam na ação da construção do desenho e permanecem suspensos.

Utilizando os tradicionais caneta e papel, o desenho de traço fino e delicado tece estruturas minuciosas, que avançam lentas sobre o espaço do papel. A linha do desenho se constrói por voltas, demarcando o seu generoso tempo de fatura. O trabalho de Malu Saddi toma como desafio perder-se no emaranhado de linhas, a ponto do desenho indicar uma auto-organização a ser seguida; desenha o desenho.

Visto por fragmentos, o desenho parece derivar dos cantos e sobras de folha, aqueles sem importância que fazemos para “viajar”, enquanto pensamos ou fazemos outras coisas. Ampliados no papel em grande escala (além do corpo da artista), a junção desses fragmentos assumem a aparência de recortes de um universo fantástico e onírico.

O trabalho tem um sentido de coisa que está em dimensão distante ao alcance do olhar, e das coisas que se tornam invisíveis no deslocamento cotidiano. Estruturas que não são suportes para coisa alguma, são desprovidas de qualquer sustentação. A ampliação desses micro-organismos inventados -asas, teias, vegetações etc. – coloca a fragilidade como condição para o movimento da vida e da natureza.

A artista é consciente de que o tempo lento de fatura do trabalho é totalmente contrário à velocidade de produção e consumo de imagem na vida cotidiana (pelo acúmulo, desgaste, repetição, duplicação), e aqui deve haver uma imersão no interior da ação da construção do desenho. Os rastros e marcas estão todos lá. Existe uma vontade quase ritualística de desvendar cada um desses fragmentos de mundo que processa no papel.Torna-os preciosos. O título de um dos trabalhos indica: “preciosos vasos condutores extraídores de vida de uma plumagem já falecida.”

Reginaldo Pereira

Sobre a artista

Malu Saddi é formada em Licenciatura em Artes Plásticas pela Fundação Armando Alvares Penteado. Realizou exposição individual no Museu Metropolitano de Arte de Curitiba (MUMA) em 2005 e participou de diversas exposições coletivas como: Exposição Onze na Galeria Virgílio, São Paulo, 2002; 28º Salão de Arte de Ribeirão Preto Nacional – Contemporâneo, 2003; Exposição Coletiva de Fotografia, Madrid – Bogotá, 2003; Artista premiada no 32º Salão de Arte Contemporânea de Santo André, 2004 e Exposição Fermento com curadoria de Albano Afonso e Sandra Cinto, 2004.

 Visitações:

Exposição aberta de 14 de dezembro a 19 de fevereiro de 2006.

Horários:

Aberto de terça a sexta-feira, das 10h às 18h.
Sábados das 10h às 14h.

Informações:

(48) 3222-0692
museuvictormeirelles.museus.gov.br
mvm@museus.gov.br