Em comemoração ao centenário do nascimento de Martinho de Haro, o Museu Victor Meirelles abrirá, na próxima quarta-feira, a exposição Martinho de Haro: esboços de uma cidade. A mostra reúne 22 esboços do artista que costumava desenhar a cidade para, depois, retrabalhar estas imagens em suas pinturas, além de um caderno do artista. Com esta exposição o museu espera oferecer aos seus visitantes um olhar sobre a primeira parte do processo deste artista, tão conhecido por seu trabalho final, a pintura.
Antes da abertura, às 17h, o historiador Fernando C. Boppré irá apresentar a palestra Domingo que irá abordar Martinho de Haro sob um outro olhar, o olhar silencioso do artista que contrapõe à abundância de cores, a simplicidade despretenciosa do grafite. Veja abaixo indicações do que será a palestra:
“Domingo: suspensão dos atributos. Dos ruídos. Das características das coisas. Domingo: esse dia meio perdido, meio insone. Onde parece que nada começa, que nada termina e onde nunca se sabe exatamente o que fazer.
Domingo é o dia em que a cidade não parece cidade. Encontra-se desprovida daquilo que lhe faz urbana, as pessoas. O silêncio e a falta de pessoas na obra de Martinho é algo atordoante. Como lidar com o vazio?
É domingo nos desenhos porque não há céu. Não há cor. Não há aquilo que caracteriza e que identifica a obra de Martinho. É um Martinho desconhecido. Um Martinho traído: pela falta, pela ausência das ferramentas que melhor sabia usar. Encontramos um outro Martinho, trabalhando no silêncio do grafite sobre o papel.
É domingo nos desenhos de Martinho porque não se pode a eles atribuir a mesma matriz explicativa no que diz respeito a sua posição numa suposta história da arte catarinense, sobretudo, florianopolitana.”
Fernando C. Boppré
Sobre o artista:
Martinho de Haro (São Joaquim, 1907 – Florianópolis, 1985) pintou retratos, naturezas mortas, flores, nus, paisagens, casarios, marinas e manifestações populares. Como bolsista do governo do estado, Martinho estudou na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Em 1938, recebeu prêmio no Salão Nacional, que o credenciou a estudarem Paris. Permaneceuna França apenas por um ano devido à eclosão da 2ª Guerra Mundial, retornando ao Rio de Janeiro no ano seguinte e logo em seguida a Santa Catarina, onde se estabeleceu até o fim de sua vida.
Visitações:
Exposição aberta de 24 de outubro a 06 de dezembro de 2007.
Horários:
Aberto de terça a sexta-feira, das 10h às 18h.
Sábados das 10h às 14h.
Informações:
(48) 3222-0692
museuvictormeirelles.museus.gov.br
mvm@museus.gov.br