Sobre a obra recente de Mariana Palma
Fernando Velázquez, 11/2006
Mariana, que já investigou diversas mídias, se concentra hoje na pintura e no desenho para criar seus espaços, objetos e seres particulares.
Espelho da sua imaginação, as telas e desenhos que ela “inventa” são traiçoeiramente provocativos. Desmascaramos o aparente sossego que atravessa seu trabalho ao percebermos os astutos artifícios com os que a artista nos envolve no seu próprio universo. Percebemos como o que aparenta ser uma coisa, logo se torna outra diferente, desconhecida, improvável. Panos viram peles, membros inexistentes fundem-se para criar seres aparentemente familiares enquanto sincréticos estilos arquitetônicos propõem gravidades simuladas.
Dentro das encruzilhadas para os sentidos que povoam a sua galáxia de signos, nos cativa, paradoxalmente, o fato do ser humano se fazer presente através da sua total ausência. É o ser humano que dispõe os tecidos nos espaços criados pela artista, o mesmo ser humano que faz os enxertos de seres/objetos que a nossa memória mimetiza como objetos/seres reais. É a partir deste tipo de associação e vestígio que percebemos de forma indireta a presença fundamental do ser humano na sua obra.
Mariana cria sem classificar suas invenções. A ausência de título nos seus trabalhos nos revela a sua escolha pela liberdade criativa no lugar da idéia de inventariar seu mundo.
Mais uma vez a arte nos demonstra como os sentidos são insuficientes para decifrar o ambiente ao nosso redor.
Fernando Velázquez é artista formado em Multimídia, Mestrando em Moda, Cultura e Arte pela Faculdade Senac de Moda, e pós-graduando em Vídeo e Tecnologias digitais on/offline pelo Mecad de Barcelona